Numéro 11: textes et documents

Attention, ouverture dans une nouvelle fenêtre. Imprimer


Entrevista de Elomar Figueira Mello e João Omar

 

 

 

por Eduardo Bastos

a 17 de outubro de 2012 na Casa dos Carneiros

Vitória da Conquista – Bahia – Brasil

 

 

Duda Bastos: A Cantoria é considerada por muitos poetas-cantadores e o público em geral um movimento artístico cujo principal representação está em sua pessoa. Você nunca pensou em fazer um manifesto para a Cantoria?

 

Elomar Figueira Mello: Não, não. Pra quê? (pausa) Datavênia, em setenta e nove...ontem eu ia cantar uma canção, mas não teve tempo, que o verso diz assim: “fatigado e farto de clamar às pedras, de propor justiça ao mundo pecador...”, já escrevi isso lá em 79. E lá já estava o desmantelamento, a morte. Isso tá mais pro Ariano (Suassuna), praquele tempo lá. Em Pernambuco as duas noites lá foram lindas (falando dos concertos realizados há poucos meses em Recife).

 

João Omar: E Suassuna lá da plateia conversando com o Bode (tratamento impessoal dado à Elomar)...

 

Elomar: (interrompendo) “- Ô Elomar, canta O Violeiro!” (imitando a voz de Suassuna pedindo pra cantar a canção). Ele foi me ver no camarim antes. Foi a família dele, o Alexandre, a filha, os outros filhos. [...] Você sabe que ele não vai pra canto nenhum, né verdade? Ai quando chegou no camarim tava um rapazinho lá, um pernambucano, ensaiando lá umas músicas minhas. Ele disse: “- Elomar, se você permite, eu canto uma canção sua queria que você visse pra ver o que você acha”. Eu disse: pois não! Eu sempre fui aberto, não tem negócio de frescura, aprendi isso comigo mesmo, achando que deve ser assim e foi ratificado por (dizendo todas as letras) Vinícius de Moraes. Ê, moleque retado! Eu não era ninguém, chego no Rio de Janeiro...mas ninguém. Num tinha nem gravado “Barrancas” (Das Barrancas do Rio Gavião – 1º LP de 1973), está ele lá no teatro, fui assistir um show dele com as garçonetes trazendo gelo e whisky. Era um bar, montou um bar, né? (risos). Mas tem coisa na vida que a gente não fez e se arrepende e fica com raiva. Eu fui com Beto, meu cunhado, quando nós chegamos na bilheteria, quem tava vendendo os ingressos, colado discutindo, disputando era Gesse Gessy. Entrei, sentei, ele cantando e lá pras tantas, no meio do concerto ele disse “- hoje vinha pra cá achei que o céu ia chover, tava fechado...mas céu bonito tem lá na Bahia” e começou a fazer um prelúdio (continuando a fala de Vinícius) “- Lá pro sertão o céu fica mais limpo, mais bonito ainda...e por falar em sertão eu tenho um amigo lá...” e foi falando, foi falando. “- Ele está aqui hoje! Elomar, vem cá em cima meu filho, vem aqui cantar uma canção aqui pra eu ouvir, pra esse povo ouvir”. Ninguém sabia quem era eu. Eu falei: “- Vou nada”. Fui encolhendo na cadeira. Beto, meu cunhado tava afoito, disse “- Vai rapaz!”. Não adianta, aí ele disse “- Luz? A cadeira de Elomar é número tal”. Aí eles meteram um foco de luz na minha cara (risos). Quando eu estou ali embaixo, quem vem me pegar pela mão? Linda...Clara Nunes...ê linda, me pegou pela mão e me levou. Cheguei lá, saudei, falei com Vinícius, ele perguntou “- Como é que tá o sertão?”, “- Tá bom, tá seco, tá bonito”. “- Cante uma canção pra mim, pra esse povo aí. Você quer tomar uma dose?”. A raiva foi que eu não bebi! Ele ofereceu, mas eu com uma vergonha! Acho até que disse algo assim “Não, Vinícius, eu larguei!”. Ai eu cantei, eu cantei umas quatro canções. Pela primeira vez, o público do Rio de Janeiro ficou sabendo que existe Elomar e tal.

 

Duda Bastos: E o encontro lá no Recife com Suassuna? Continue.

 

Elomar: Então isso que eu lhe falei, eu nunca fui egoísta, eu acho que todas as coisas boas que Deus nos dá, a gente deve dividir com o próximo. Então, lá em Pernambuco, quando o rapazinho tava ali cantando “O Violeiro”, cantou direito, Suassuna chegou e interrompeu a apresentação dele lá no camarim. Ai deu a hora e falei pra ele, infelizmente filho tenho que ir...ele tocava bonito “O Violeiro”! Fui lá pro palco e quando estou lá, que terminamos o ensaio... “- Agora, boa noite, vamos cantar pra vocês...”. Falei, anunciei Suassuna e cantei duas canções, depois me levantei e falei: “- Agora eu vou cantar uma canção com vocês para meu amigo, Ariano Suassuna”. Aí ele de lá gritou: (imitando Suassuna) “- Canta O Violeiro!”. E aí, infelizmente eu não estava bem preparado no “Violeiro” porque é uma canção difícil, tem tempos que eu cantei e ela tem uma harmonia violentíssima, “Violeiro” não é mole! Pra fazer “O Violeiro?”. É dificílimo! Tem que ser muito rápido e muito preciso. Então lembrei e disse: “-Ariano, você não se ofende se...tem um rapaz aqui que andou mostrando pra mim “O Violeiro” e ele canta bonito, é um paranambucano (brincando com a palavra), ele tá aqui na plateia. Você não se ofende se o rapaz fizer?”. Aí a plateia explodiu de palma. Eu dei a mão a ele, ele subiu. Mas o bunitim, quando ele sentou na cadeira, moço, mijou na rodela da calça, eu vi o brequim, da mancha, e nervoso, pegou o violão. O violão sacudia na mão dele. Eu fui... “- Peraê, respire fundo, beba um copo com água, calma fique tranquilo, num começa agora não”. E a plateia esperando. Quando ele acalmou mais, o moleque também deu um acabamento e cantou “O Violeiro”, cantou bem.

 

Duda Bastos: Sua obra e performance trazem muitas referências do universo trovadoresco medieval. Em que linhas históricas se encontram essas buscas, por que esse chamado?

 

Elomar: Os quadros estão mudando rapidamente... tem um território, existe la renaissance (expressando em francês) na França, Itália, Espanha, Portugal... mas pra essa Renascença acontecer teve (estalando os dedos) uma anterior que deu em consequência o Trovadorismo. Acquitânia, Langue d’Oc, Langue d’Oil, na Alemanha os minnersingers (expressando em alemão) justamente na virada do milênio, o surgimento, Bernard de Ventadour é um dos primeiros. É justamente, a primeira, sabe o quê? A primeira Renascença está consubstanciada no semeador que vai, segura o cabo do arado... você já ouviu falar de Carl Orff? Um professor alemão ali pela década de 70, deixa eu ver, meu Deus...ele fez um apanhado da poesia da primeira Renascença, a poesia dos monges vagabundos, já ouviu falar? Foi na virada, chamados de goliards (expressando em francês). Então ele fez uma apanhado e publicou um trabalho chamado “Carmina Burana”. Então o que é a “Carmina Burana”? É a canção primeira do trovadorismo, é dos goliards. Os monges vagabundos. E que foi uma renascença, porque antes da virada do milênio o que imperava na Europa era o medo do mundo acabar, outra coisa: a queda do império romano, o esvaziamento dos soldados romanos em todos os reinos, já vem lá desde o século VI por ali, aí surgiu aideia do castelo, dos senhores, pra se reunirem e se defenderem porque quando caiu a primeira queda do império romano, no ocidente, surgiu na Europa um movimento que está até hoje: o banditismo. Nos dias de Roma não tinha banditismo. Nós temos um exemplo no Brasil, aqui na América Latina, durante o período das ditaduras latino americanas, tomada de poder pelos militares, a Argentina, Brasil, o Chile...você podia andar lá, não tinha bandido, não tinha marginal, não tinha traficante, não tinha nada...não estou celebrando ditadura não, ditadura é uma desgraça...pra você ver no dia que vivíamos sobre o regime de ferro da ditadura, o banditismo do Brasil era seguro, era esporádico. Assim sem a ditadura romana, o banditismo vai crescer na Europa (velho mundo). Então vai surgir durante toda a Idade Média a formação, chamamos assim, de movimento feudal. Os feudos, os senhores feudais, os cavaleiros e então, na virada do milênio, o canto que dominava o mundo naqueles dias era o cantochão de Gregório I. Nas igrejas e também no mundo afora, porque todo mundo tava com medo do mundo acabar. Naquele tempo! Agora na virada do [outro] milênio, por agora, teve gente assombrada, não teve? E essa primeira renascença ninguém fala nada sobre ela, foi dela o Bernard de Ventadour, Daniel...Daniel [Arnaut Daniel de Riberac] de que João Omar? Da curriola de Bernard de Ventador, João Omar.

 

João Omar: Ricardo Coração de Leão...

 

Elomar: Esse aí eu sei. Esse é dos primeiros dias das cruzadas. E justamente as Cruzadas vieram... todo movimento que surge, a Ordem dos Cavaleiros dos Templários. Foi um movimento que surge para combater o banditismo que na rota sagrada até Jerusalém, os penitentes iam, os primeiros reis, visitar o santo sepulcro e os monges do Islã assaltavam os cristãos. O fruto dela (da primeira Renascença) é sabe quem? Esses mestres é que inspiraram Dante, a posteriori Camões e esse pessoal aí. Arnaud, o quê João Omar? (solicitando ao filho João Omar ainda sobre Arnaut Daniel de Riberac). Daniel Arnaud? Arnaud (fazendo bico francês). Agora repare só em Portugal, como o povo celebra seus poetas. Eu dei logo as costas pra Europa. Eu quando completei 25 anos, saí da faculdade, eu tava pronto! Mas o pior e que deram as costas pra Europa e a frente pros Estados Unidos. A Europa é matriz, para nos ensinar.

 

João Omar: A metáfora de dar as costas pra Europa é não viver de frente pra Europa. O que é dar as costas pra um lugar? É você...a gente entra num território muito complexo. Tradição e novidade. Tradição é aquilo que de alguma forma se guarda, que é memória e que é também uma atividade viva...

 

Elomar: Não museológica!

 

João Omar: Não museológica. Exatamente. É muito mais uma prática do que o objeto. O objeto disso é uma prática, vamos dizer. E não em coisas, em objetos. E, se não tiver novidade aí a criatividade cessa. Tem que ter as novidades.

 

Elomar: Só com um detalhe João Omar, por exemplo: como um galeão dentro de uma noite no mar de céu trancado (em tom profético), quando tranca o céu fica difícil antes de ter a bússola se orientar pelo céu, pelas estrelas. Mas então é o seguinte, ela tá sempre marchando, sempre buscando a terra brasilis, Cabral, Colombo, buscando o continente mas sempre de olho nas estrelas pra não se perder. E nós temos um trilho, a estrela da arte foi feita, é a experiência do passado. Você partir pro novo sem olhar pra trás, se lasca. O método usado da Renascença pelos compositores, pelos poetas, pelos escritores, pelos pintores, foi esse de olhar pra trás e pra frente renovando. Você veja por exemplo Bach tem a obra dele e olhou pra trás, a partir da alta Idade Média. Mozart, todo escolado em Bach, criou um novo. Beethoven já chega, o pai dava porrada nele que ele tinha que ser um Mozart, mas criou a novidade. Dá uma olhadinha pra trás porque senão sempre se perde o trilho. E nos tempos modernos todo mundo a-b-a-n-d-o-n-o-u o passado. Por isso está tudo um marasmo aí. Porque no mundo inteiro essa resistência, em todos os países? A resistência dentro da área popular. Os menestréis, o novo trovador na Inglaterra, o Zeca Afonso, eu e outros no Brasil e no mundo inteiro, nos Estados Unidos, é porque justamente perdeu-se o rumo. Na minha opinião.

 

Duda Bastos: Eu acredito numa coisa: a gente sempre consegue tudo a partir de imagens. E o que não é imaginário? Tudo vem a partir de um grande imaginário, mesmo este novo que é criado e constituído a partir do velho, de um antigo. E acho, até relembrando essa conversa de dar as costas, ficar de frente, o que existe aqui como imaginário, como Pátria Velha do Sertão, por exemplo, quando você diz lá que a “caatinga é um repositório de favores da Idade Média”, esse é um campo imaginário, traz um deslocamento que acompanha a perspectiva “novidadeira” pra uma civilização. O que você e o Ariano criam, que o Zeca Afonso vai criar lá com Adriano Correia e Sérgio Godinho, que o Donovan cria até inicialmente com o John Lennon, antes de serem pop, ou o que o pessoal lá década de 70 vai criar na França Ocitânia que, diga-se de passagem, é uma espécie de sertão, é um espaço que não está escrito no mapa. Esse território que vocês criam não está escrito em nenhum mapa. Aliás é sempre um outro mapa de conceitos, de costumes, de atitudes, de referências.

 

Elomar: E é tão decantado, não é?

 

Duda Bastos: É, porque os reinos dos Francos, de Castela estavam todos lá geograficamente marcados, cartograficamente. A inscrição imagética, a inscrição da imagem do sertão, ela está na obra: na canção, na paisagem, na pessoa, que resplandece uma obra, não é? É um tempo de legitimar o direito de um sonho, de devaneio. O sertão desse tempo pra mim é criado assim. O direito de criar outro território, pois existe esse outro território. Mas existe também acompanhando o que você cria, outras pátrias velhas por lá, nos outros territórios de lá. Como na Ocitânia, como lá no Alentejo.

 

Elomar: Como na Rússia tem.

 

João Omar: O medieval é até onde você vê, é essa vida que você vê que você alcança. Uma coisa é você saber que a fronteira daqui está a não sei quantos quilômetros. A gente nunca vê direito, pode até ter cruzado, mas é uma geografia aqui que compreende uma micro-civilização. Costumes, desejo, fazeres e tal. Então isso é, digamos assim, um mapa dentro de outro mapa. É por isso que a geografia tem que estudar essas nuanças.

 

Duda Bastos: E é uma questão de dizer que é um espaço com direito a um esquecimento, não é? Uma espécie de esquecimento. É por isso que as pessoas estão vindo de longe pra cá, porque para mim elas estão inscritas num espaço de esquecimento (Nos concertos realizados na Casa dos Carneiros a 19 km de Vitória da Conquista, pessoas de muitos estados do Brasil e de outros países da América Latina viajam muitas horas, e até dias, para frequentá-los). Elas estão realizando o seu esquecimento dos territórios que são macabros, que são inúteis, superficiais e estão se inscrevendo em outro território. Vejo como um novo desejo por um novo espaço de linguagem. Veja que de repente as pessoas começam a se tratar por malungo..., é o desejo de um novo território dentro desse sertão.

 

Elomar: Até meados desse ano vai ser publicado meu ensaio “A Era dos Grandes Equívocos”. Ela é ampla, bem ampla, abrangente. É um cacete, é uma crítica violenta, porque lá tem um mundo de informações e opiniões, do que eu acho de todo esse processamento que você deu no século XX, em termos técnico-científicos, político, econômico e perespiritual. E, para mim, a idade mais bela de toda história é a Idade Média. São mil anos. Ela não termina, não acaba. Enquanto existir resistência cultural no mundo irá existir Idade Média.

 

Duda Bastos: Dércio Marques era um cantador muito presente na interpretação de sua obra, e ele traz essa espécie de entronização medievista. Como foi esse encontro com ele? Como você o via?

 

Elomar: Dércio, eu vejo nele um menestrel, um trovador clássico – como eu sou também – aquele típico trovador que canta trovas, troveiro, rapsodo menestrel. Um músico de ponta, um ouvido fantástico, uma voz afinadíssima, um timbre belíssimo, uma postura de palco teatral, naturalmente teatral. Ele não faz força para fazer nada. Tudo o que ele fazia no palco era bonito: aquele jeitão dele, fazendo o que um grande artista faz, o mesmo que centra o espetáculo. Às vezes ele chegava assim, completo, muito polivalente, músico. É costume ele ir por aí feito um cigano, esquecendo os instrumentos no palco, tem dez instrumentos: largava um, pegava outro, desafinava uma corda, mudava pra outra. Colocava na afinação que queria, é um riachão (rio abaixo[1]), um Cebolão. Pegava a viola de dez cordas, depois pegava o violão de concerto, ía pro charango, um bandolim, depois batia no tambor e ía embora viajando... No concerto, não parava. Agora ele não é era perfeito pra mim, era pura indisciplina, que ele erasuper indisciplinado, tá entendendo? Tanto é que quando nós íamos fazer um concerto, que tinha que ter orquestra, era um medo doido, um temor danado. Só pra você ter uma ideia, nós estávamos fazendo um concerto em Salvador, em 94, fomos Xangai, Dércio, eu, João Omar, Helena na flauta e Marco no violoncelo e Dércio como convidado. Começamos o concerto e, Dércio chegou atrasado. No concerto tem uma seqüência, tem uma ordem, tem um tempo estético. Aquele tempo pode ser tomado por um improviso, por uma brincadeira, uma história. Não pode? Os meus concertos são sempre assim, tem brincadeira, esculhambação. Discute uma coisa, dá um pau no governo, esculhamba com o sistema, mas o concerto vai continuando. Mas Dércio não, ele abriu um perrengue[2] tão grande, ele chegou tão azuado[3], que cá do palco voltou lá pra baixo e gritou: “- Sóssó, você viu a partitura (risos)?” Rapaz, isso não é mole, não... E Sóssó morrendo de vergonha. Ela nem se denunciou pra ninguém saber quem era a tal Sóssó. “- A partitura Só!” (gritando, imitando Dércio). Ela não se manifestou. Ainda bem que ela não fez, se ela se manifesta, aí entraria em detalhes, já pensou: “- Eu botei atrás da farinheira!” (prevendo a fala de Sóssó). Sabiamente, ela parou. Por isso aí você tira uma ideia. Do tipo de indisciplina de Dércio. Agora, tirando isso aí, era fera. Não tava pra ninguém. Eu não conheço, olha, me diga uma coisa, tem esses artistas, esses todos famosos, que ganham muito dinheiro, estes artistas que estão no trono no Brasil. Há muito tempo, muito famosos, na Europa, nos Estados Unidos, nenhum, nenhum dava no chulé de Dércio. Que nada! E nem preciso citar nome de ninguém não! Uns estrelão aí, uns internacionais. Dércio sozinho com o violão. Ali sem produção, sem nada. Como eu, que não tenho produtor. Ali, ele chega, fazia, cantava e arrasava. A ideia que tenho de Dércio é essa. Com um detalhe ainda, um acréscimo. Pra você ter uma ideia, ele era do tipo do menestrel errante, quase tresloucado. Eu tenho uma ária, um desafio, um fragmento de um desafio. Não sei se você conhece, a gente chama de “Parcelada”.  Eu botei o nome só pra poder gravar, pedaço de ópera a gente não tem nome, né? Uma seqüência, então eu botei “Parcelada”. O texto dela diz assim: “Todo cantador errante trás no peito uma marzela – tá no “Auto da Catingueira” – nas almas lua minguante, estrada e som de cancela/fonte que ficou distante que matava a sede dela/ e o coração mais discrente dos amô da catinguêra/ai o amo é uma serepente, esse bicho morde a gente/vamo poiscantá parcela”. O outro responde: “Eu sou cantador de côco/eu num canto parcela/ parcela é feiticêra/ eu corro as légua dela/chegando no lugar adondetêja ela/ eu vô me adisculpano e dano nas canela.” (cita o restante desse fragmento do 5° canto do “Auto da Catingueira”). Isso é Dércio todo. Nesse cantador, eu só vejo Dércio. Não é porque ele tenha gravado o Auto não, mas era esse estilo assim: tresloucado, sonhador. É essa imagem que eu tenho de Dércio. É uma alta poética, a postura dele era belíssima. Era um cigano. Era uma alma sem igual. Um brincante. Eu conheci Dércio lá pelos idos 1975, 74, logo depois que eu gravei “Das Barrancas do Rio Gavião”. Ele passou a saber da minha existência pelo Brasil afora, de boca em boca. Ele e Saulo me encontraram. Foi logo no começo, Dércio, músico fantástico, uma voz belíssima, grande menestrel. Até os dias de hoje não tinha mudado em nada. O estilo é o próprio, se o homem não mudar a obra dele não muda. E nós, artistas “pobres,” costumamos não mudar. Nós somos eternos dentro do nosso tempo de vida. Eu, por exemplo, sou assim: imutável; se mudar é questão de ampliar repertório, aprimorar. Mas a proposta é aquela, é a primeira que fica. Sabe por quê? Um artista quando ele nasce, tudo, todo ele, a primeira proposta dele é aquela que ele vai levar até o fim. Não fica por aqui, por acolá não. Ele vai com aquela até o fim, não tem erro, porque ele está a acertar na mosca desde o início. Eu me lembro, lá pelos setenta, essa quadra que falei aí, século XX, algumas vezes eu fui cantar em São Paulo. Eu gravei em 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78. Em São Paulo, foi quando eu vim conhecer Dércio mais de perto. Dércio e Saulo [Laranjeiras]. Tava ele lá – como eu tava comentando – buscando. Uma busca desesperada, agora com um horizonte nebuloso, nebulosidade aquela, proposta pelas teias da ditadura e entre dois blocos pesados que eles estavam e, eu também estava. De um lado o iê, iê, iê introdutório, o tal do rock americano no país do senhor Roberto Carlos e os seus companheiros lá. Do outro lado, a Bossa Nova: João Gilberto com esse povo que apareceu, esses bossa novistas: Caetano Veloso, Chico Buarque. Esse pessoal que surgiu e, nós no meio, ali prensados. Dércio! O nosso foco é Dércio. Primeiro que eu conheci Dércio, ele e Doroty (Doroty Marques) vestido de poncho, sem combinação de escolha, sem saber o que cantar. Saulo Laranjeira, voz bonita. Todos eles grandes artistas, vozes belíssimas, todos eles de proposta séria, brasileiríssimos. Mas eu vi um repertório, quando eu os conheci, eu percebi o repertório logo de imediato. Tomei um choque. Todos eles cantando as canções de Violeta Parra, Mercedes Sosa. Nada brasileiro. Eles não podiam cantar seresta, ninguém iria ouvir eles cantar a seresta. Eles não sabem bem a linha, como as do samba e tal, da favela. Uma música de uma sociedade mais agrária, mais pastoril. Eles vieram da sociedade agrária como eu. E eu vi que eles buscavam os cantos bucólicos de Vitor Jara. Muito belo, né? Violeta Parra. Para eles, era preferível cantar essas canções desses chilenos, dos argentinos, algumas cuecas[4] bolivianas muito bonitas que Dércio cantava, uns caballitos[5] com zampoña[6]. Eles estavam mais latinos do que brasileiros, justamente pela opressão da ditadura, pela opressão e compressão dos dois blocos: o Iê, iê, iêde Roberto Carlos e a Bossa Nova de Tom Jobim, João Gilberto, esse pessoal. Quando eles se depararam com a minha música, essa música assim vaqueira, música de gado, canto curral das liras bucólicas, que eu trouxe, aí eles tomaram uma porrada. Claro que minha chegada provocou a eles descobrirem em outros autores que estavam por aí e eles não sabiam, por exemplo: Gildes Bezerra. Tanto que eles saíram num instante da coisa andina e se voltaram para o Brasil. E foi surgindo uma nova geração de compositores autóctones, música verdadeira, nacional. Foi nesse tempo que conheci Dércio, Saulo, Paulinho Pedra Azul.


Duda Bastos: Conviviam e produziam muito?


Elomar: Muito. Tudo começou lá por São Paulo, naquele começo em 79, assim que eu lancei um disco chamado “Na Quadrada das Águas Perdidas”, já tinha mais conhecimento com Dércio, ele já gravou, já fez coro com a gente, já tocou charangolá em Salvador. A gente tinha mais conhecimento. Antes disso, a gente tinha feito muitos concertos juntos na Rinhaem Conquista e em Salvador. A partir daí, passei a fazer muitos concertos, uma peregrinação pelo sul, em São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro. E levava sempre Dércio, Saulo, Diana Pequeno, Xangai, Doroty como convidados especiais. Subiam sempre no palco comigo, era uma espécie de irmandade, confraria.


Duda Bastos: Tem alguma composição feita especialmente para ele interpretar?


Elomar: Só uma. Essa serviu justamente pra ele poder interpretar. Pensada na figura dele. Só que é impossível justamente porque ele ficou mais como parâmetro, como um modelo mesmo. Ele ficou assim como uma espécie de paradigma. Aquela ária que eu cantei ontem, a “Ária do Menestrel”. A figura de Dércio era a figura do menestrel, daquela figura encantada. A Ária do Menestrel é nos jardins da Paulista. Dércio cantando, ela deveria ser muito bonito. Talvez ficasse mais bonito que um próprio tenro cantando. Não é tanto pela voz dele, não. É pela figura. O porte. Mas eu te digo uma coisa: ele suaria um quilo pra cantar. As entradas não são brincadeira. Primeiro, pra cantar ela, é quase impossível uma pessoa que não leia partitura. Se for no ouvido tem que ter muito ensaio, muito ensaio. Porque as entradas são enganosas demais. Tem entrada que cai numa armadilha. É para profissional mesmo do cancioneiro. Agora ela é muito bonita. Daqui a pouco vou mostrar ela pra você no computador. Com uma camerata. Eu vou tocar ela ali pra você ouvir, pra você ver que troço. É difícil. Eu só canto ela – e ó que eu já cantei seis, sete vezes – com dificuldade. Cantei no conservatório nacional do Rio de Janeiro. Já cantei em Belo Horizonte, em Brasília. E toda vez que eu canto, só canto com a grade na mão. Se eu não botar a grade na mão, não entro na hora exata. Não entro na hora exata mesmo. É inverossímil, pensar e ver que o Brasil não conhece Dércio.


Duda Bastos: Vocês estão em plena roça utilizando o computador para ajudar no processo de criação, organização das coisas. Isso me parece algo importante, mas como vocês veem na atualidade a ação tecnológica no mundo, especialmente no mundo sertanejo?

João Omar: A tecnologia é quase que como uma espécie de um deus. A reificação da sociedade.

 

Elomar: É o predador dos valores.

 

João Omar: É uma deificação da sociedade como se cada um fosse um próprio deus. Fosse autossuficiente em alimentos, poderes, né? Controle remoto a distância, que vai viajar o mundo pela internet, consegue realizar... qualquer um é fotógrafo, qualquer um é qualquer coisa...

 

Duda Bastos: Alguém um dia disse que a tecnologia era um “canto de sereia”...

 

Elomar: A tecnologia é um mestre falso, desgraçado. Ela pretende que está ensinando as pessoas, mas é tudo falso, todo mentiroso, tudo virtual. Esse Zygmunt Bauman, eu li um tópico dele dizendo o seguinte: “- olha, eu encontrei com um amigo meu bem mais novo que dizia que tinha feito 1.500 amigos, eu estou com 84 anos e não sei se consegui fazer 2”, então é tudo falsidade. Um mundo tecnocrata.

 

João Omar: O mundo antigo todo foi distante. Por exemplo, o que determinava uma cultura era a distância entre as tribos, as cidades, de forma que os costumes ficavam mais lá e mais cá alguns, e daí as diferenças se diferenciavam realmente. Esse encurtamento está na realidade engessando as culturas. Você tem ali um hip-hop tocado no barzinho de Adelino (bar que fica à beira da estrada de terra próximo à fazenda Casa dos Carneiros) e fica trazendo barulho pra cá.

 

Elomar: Há três anos, Gilson, um amigo meu, fez filosofia na USP. Aí ele veio pra aqui, isso há quatro anos. Foi numa época de Santos Reis. “- Elomar, a gente queria sair por aí por umas baixadas pra ver Reis”. Eu falei: “- Vai ser meio difícil!”. A Casa dos Carneiros, a caatinga perdeu todas essas maravilhas que tinha aqui. Aquele processo cultural clássico que sempre existiu aqui, de uma hora pra outra desapareceu, evaporou. “- Ah, não, né possível que eu não ache um Reis!”. Bom, aí foram. Quando foi de tardinha, eles chegaram aqui. Ai eu falei: “- Cadê, viram os Ternos de Reis? Eles disseram que encontraram um grupo de rapazes de brinco na orelha, corpo todo tatuado e perguntaram: “- Ô meu (imitando paulista) onde é que a gente encontra um Santo Reis aqui?”. “- Tá por fora (fazendo voz de malandro)”. Como o processo, como a tecnologia é predadora das culturas. Iconoclasta, realmente é. No Sertão todo tinha Reis.

 

João Omar: Me lembrei de um ponto aqui, naquele tempo os tropeiros é que faziam esse leva e traz, não era?

 

Elomar: Os trovadores também...

 

João Omar: Ou seja a informação, as histórias passavam, eram levadas pelas cabeças deles. Pela memória deles. E também, ou seja, nesse telefone sem fio, tudo isso ia sendo modelado pelo imaginário. Hoje em dia a informação, ela despista o imaginário, chega aí e toma! E a cultura é a prima pobre dos governos.

 

Elomar: É a prima pobre e depois é tida como supérflua. A cultura dentro do ideal marxisista tem que ser sempre postergada, quando não: alijada. Porque o que importa é o poder. Cultura depois do Estado. Depois a gente resolve, cultura depois resolvo, o que interessa é o domínio, é o poder da máquina na mão. Mas eles são burros e não percebem que cultura é um processo aqui, ali e agora, se você postergar, abandonar, deixar pra lá, ela vai prum canto, entra dentro da casca de uma onça e vai pro fundo, cai no ostracismo, tá entendendo? E vai se perdendo. Quando eu cheguei, ainda tive condição, nos meus 26 anos, de descobrir, conhecer o último cantador de parcela (falando pomposo) Agavino da Laje do Gavião, lá no Rio Gavião. Fui sondando, sondando... lá no Gavião, até que soube onde ele morava no periférico em Conquista. Ai eu fui, eu tinha um fusquinha (falando terno). Eu fui antes com o fusca na casa dele, no beco, desci a pé, cheguei lá na porta da casa, bati palma (faz o som de palmas): “- Ô de casa!” (rápido). Pra nego saber quem está chegando. Então cheguei na porta e gritei: “- Ô de dentro?”. Ai lá dentro uma voz feminina: “- Ô, de fora!” (imitando uma voz de velha). Uma veazinha, ai ela veio com o porretinho, toda envergadinha. Logo que eu bati o olho na salinha de visita apertada, tinha uma viola pendurada, sem cordas. Ê cena! Ai ela veio: “- Que é que o senhor deseja?”. “- Bom dia! É aqui mesmo que mora mestre Agavino?”. Ela: “- Quem é o senhor?”. Toda desconfiada! “- Eu sou lá do Rio do Gavião!”. Ai pronto, já estou com o passaporte. Botou logo o banquinho pr’eu sentar. “- Dá licença!”. Ela saiu, sumiu lá pra dentro de um quarto. Cochichou, cochichou aí ouvi assim: “- Daqui a pouco ele sái. O sinhô aceita um cafezinho?”. “- Aceito sim, senhora!”. Foi lá trouxe uma xicrinha de café, café quente-frio. Aí, saiu menino, um caquinho, magrinho... “- O sinhô, quem é?”. Eu falei: “-Sou daqui de Conquista e tal, eu comprei uma fazenda lá no Rio Gavião, ali nas Duas Passagens. Perto ali da Carantonha.”. “- É, morei na Laje...depois a gente fica velho e vem...”. E fui entrando na conversa devagarinho, com tato, com jeito, ai eu falei pra ele: “- Eu sou cantador!”. “- E é? Tem muito tempo eu deixei de cantar, meu filho.”. Deixou de cantar: deixou de fazer versos (explicando). E... “pedi o aposento, porque os cumpanhêrro tudo morriam!” (fazendo a voz do velho). “- E depois a viola tá fora de moda, das rádia (sic), das músicas das rádia.”. Perdeu o sentido do repente, dos encontros, os saraus, perdeu o sentido...liga o rádio, sái uma música com orquestra, e, foi jogando pra escanteio. Ai eu fui conversando, lá em certa altura...eita diacho, eita que eu lamento! Pena que naquele dia, eu não sabia quem aqui em Conquista tinha um gravador...ai eu fui falando assim: “- Agavino,...”. Eu tomei conta! (explicando que já podia dizer o que quisesse naquele momento). “...Você já cantou com Domingo Mi Réis?”. “- Não, muito famoso, mas nós nunca topemo não. Eu cantei com Juca da Lira. Nóis cantava muito coco voltado inteiro. Nóis cantava muita parcela.”. “- Sim, é isso mesmo que eu queria saber.”. “- Meu fi, tem tanto tempo que eu cantei”. Eu querendo saber como era uma parcela. Ai, ele cantou um parcela e eu não gravei nada.

 

João Omar: Mas e a forma?

 

Elomar: Eu peguei mais ou menos a forma. E é justamente nessa parcelada minha: “Todo cantador no peito, traz uma mazela/ estrada luar minguante/ estrada e som de cancela/ fonte que ficou distante e que matava a sede dela/ e o coração mais descrente dos amô da catingueira/ ai o amô é uma serepente/ esse bicho morde a gente/ vamo poiscantá parcela...”. Quer dizer eu estou em cima, mais ou menos, do modelo da parcela. E sabe o quê ele me falou? “- Parcela, meu filho, é coisa muito dura, quem inventou de cantar parcela foram os negros.”. Nego véi de boca de forno de engenho. Que lindo, né?

 

João Omar: Parcela, parece que é uma parte, um pedaço...

 

Elomar: Agora gabinete, gabinete sumiu, ninguém canta. Cantadores modernos? Ivanildo (Ivanildo Vila Nova) não canta gabinete, canta em cima de um chavão. Desses cantadores, repentistas do setentrião...a primeira vez que eu ouvi falar em tirana foi com Castro Alves. Castro Alves tem umas duas tiranas...”Cachoeira de Paulo Afonso” e...agora eu...vou beber um caroço (aguardente).

 

João Omar:Um...suco de cana!

 

Duda Bastos:Curada com Pau-de-Sapo[7]? Estou gostando das histórias...

 

Elomar: São bonitas, né Duda? Quero que vocês subam comigo agora e vejam a abertura do “Lubião” (obra instrumental em composição) no computador.

 

 

 


 

Nota sobre os nomes citados

 

  • Adriano Correia– poeta-cantador português conhecido intérprete de fados que se tornou um dos mais importantes cantores de intervenção (protesto) do seu país. Falecido em 16 de outubro de 1982.
  • Ariano Suassuna – Ariano Vilar Suassuna, dramaturgo, romancista e poeta brasileiro. Nos últimos anos, realizou palestras e incursões como palestrante pelo Brasil, defendendo os valores culturais do país, do nordeste e do sertão. Suas obras mais conhecidas são o “Auto da Compadecida” (1955), no teatro e a o “Romance d’A Pedra do Reino”(1971).
  • Arnaut Daniel de Riberac - Trovador do século XIII, cuja obra foi escrita em occitano, especificamente, no dialeto limosino. Dante o considerava o mais criativo de todos trovadores e Petrarca o tinha como o melhor de todos, o grande mestre do amor.
  • Bernard de Ventadour – Célebre trovador francês do séc. XII. Discípulo de Eble II, dos primeiros nobres poetas da Aquitânia (atual região de Corrèze na França). O maior acervo de canções do antigo trovadorismo é de sua autoria.
  • Carl Off – Compositor alemão do século XX, conhecido por sua cantataCarmina Burana”. Em latim vulgar significa: “pano grosseiro de lã” ao qual se referencia o tecido dos antigos hábitos dos frades e freiras. “Carmina Burana” é uma obra baseada em textos poéticos do século XIII, o “Codex Latinus Monacensis, encontrados em 1803 num convento da Alta Baviera. É uma das maiores referências aos cânticos e poemas dos goliardos da Idade Média.
  • Clara Nunes – Clara Francisca Gonçalves Pinheiro, conhecida como Clara Nunes, natural do Rio de Janeiro, Brasil. Cantora e pesquisadora da música popular brasileira, de seus ritmos e sincretismo religioso. Discípula da Umbanda, registrou várias canções populares desta prática religiosa, sendo, apesar disso, muito conhecida como cantora de sambas no qual destaca-se a sua integração com a escola de samba Portela do Rio de Janeiro. Falecida em 2 de abril de 1983.
  • Dércio Marques – Poeta, compositor, violeiro e multi-instrumentista, natural de Uberaba, Minas Gerais, Brasil. Pesquisador de músicas populares consideradas de raiz e ibero-americanas. Falecido em 26 de junho de 2012.
  • Diana Pequeno - cantora e compositora brasileira, ex-mulher de Dércio Marques, ficou célebre nos anos oitenta por ter gravado uma versão para português da canção “Blowin’inthe Wind” de Bob Dylan.
  • Donovan – Donovan Philips Leitch, músico e compositor escocês radicado na Inglaterra. Ocupou durante os anos 60 e 70 o estilo musical fusionando elementos do jazz, pop, psicodelismo e world music chegando a influenciar e a colaborar com os Beatles.
  • Doroty Marques – Cantadora e arte-educadora, natural de Uberaba, Minas Gerais, é irmã do poeta-cantador Dércio Marques.
  • Duda Bastos – Eduardo Cavalcanti Bastos é baiano, natural de Salvador. Pesquisador, compositor e intérprete, desenvolve estudos sobre o universo mítico dos trovadores presente no movimento poético-musical da Cantoria.
  • Elomar Figueira Mello – Poeta-cantador sertanejo e arquiteto pela Universidade Federal da Bahia. Nasceu em Vitória da Conquista, Bahia, Brasil em 1937. Tem 15 obras discografadas, 1 DVD, 1 cancioneiro e 1 romance publicados.
  • Gesse Gessy – baiana, mulher de Vinícius de Moraes, do 7º casamento. Casam-se em 1969 no Uruguai e em 1974 muda pra Salvador, Bahia, onde constrói, por causa de Gesse, a sua casa em Itapuã.
  • Gildes Bezerra – natural de Campina Grande, Paraíba, Brasil, é um poeta e compositor radicado em Itajubá, Minas Gerais.
  • Ivanildo Vila Nova – Repentista pernambucano natural de Caruaru, Brasil.
  • João Omar – Músico maestro, compositor, arranjador e instrumentista, nascido em Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. É mestre em regência pela Universidade Federal da Bahia. Filho de Elomar Figueira Mello.
  • Paulinho Pedra Azul – Paulo Rodrigo Fernandes Sobrinho, poeta-cantador, artista-plástico e escritor nascido na cidade de Pedra Azul, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, Brasil.
  • Saulo Laranjeiras – Saulo Pinto Muniz, humorista, ator, apresentador, cantor e compositor natural de Pedra Azul, Minas Gerais, Brasil.
  • Sérgio Godinho–compositor, dramaturgo, intérprete e poeta português.
  • Sóssó – Solange Damaceno, baiana natural de Salvador, era companheira de Dércio Marques.
  • Xangai – poeta-cantador baiano natura de Vitória da Conquista, Bahia.
  • Zeca Afonso – poeta-cantador português. Compositor da mais conhecida música de protesto de Portugal: “Grândola, Vila Morena”, de 1966, considerada como hino da Revolução dos Cravos de 1974. Falecido em 23 de fevereiro de 1987.
  • Zygmunt Bauman – Sociólogo polonês, atualmente professor emérito de sociologia das universidades de Leeds e Varsóvia.

 

 

 

 


[1] Riachão e Cebolão são modos de afinação das violas caipiras. Afinação em Cebolão: E (Mi - tom original) do 1º ao 5º par: B, E, G#, B, E. Afinação em Rio Abaixo:G (Sol - tom original) do 1º ao 5º par: D, B, G, D, G.

[2] Confusão

[3] Perturbado

[4] Estilo musical andino

[5] Classe musical para execução no charango, instrumento de cordas da América Andina, feito com o casco do tatu.

[6]Ou flauta de pã,é um instrumento musical típico do sul da América Latina.

[7]Arbusto que seco mergulha-se na aguardente pra dar um gosto amargo. Muito utilizado no tratamento de anemias.